sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Convulsão, confusão. Caos & continuação...
























“É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante”  (Nietzsche)

"Eu tô te explicando / Prá te confundir / Eu tô te confundindo / Prá te esclarecer" – assim canta Tom Zé, um dos mestres tropicalistas numa das suas canções. Assim também é meu canto por aqui. Um canto, por vezes torpe, desafinado, dissonante. Um canto em forma crônica. Às vezes também me arrisco na prosa & nalgum verso meio torto. Já fui duramente criticado, severamente menosprezado, inutilmente difamado. Mas disso tudo, ainda prefiro os elogios – e não são poucos. Mas também, não são muitos. Alguns. Tipo... Dá pro gasto! Sou fruto do meio em que vivo e tenho consciência disso. Mas também, sou agente nesse meio - & assim também grita minha consciência. Tá certo que às vezes a perco numa garrafa de rum ou em alguns copos de cerveja. Ontem mesmo sequei o resto da garrafa de uísque que guardava já a algum tempo. Fazia calor, como hoje, e os monstros lá de dentro da saudade me perturbavam. Eu não fiz conta e enchi por algumas vezes o copo. Brindei a Dionísio e fui dando meu abraço na embriaguez, essa maldita companheira que sempre me salva. Escrever não é fácil. Se engana quem acha que é. Também não acho tão difícil ou terrível. Já vivi momentos piores e sei que existem coisas piores também. Então não reclamo, escrevo. Faço das minhas linhas caóticas uma comunicação. Mesmo que nem todos a entendam. Aliás, penso que uma minoria entenda. Ou, se entendem, sei que muitos não concordam com algumas das minhas posições. Mas tudo bem, sou um homem de posições. Prefiro isso do que ser um homem de imposições. Não imponho nada. Antes, me exponho. Assim, vivo sujeito ao tempo - aos trâmites do tempo, como todo mundo. Já me perguntaram se eu não tenho medo de gerar certa convulsão. Medo? Até tenho, mas sou corajoso o suficiente para superá-lo. Alguém que andou me lendo (ou lendo o que escrevo) me disse que sou adepto da confusão. Discordo. É Caos e não confusão (leia-se Teoria do Caos). Talvez, contradição. Mas isso depende... O uso desses termos e/ou terminologias pode ser muito relativo. Tudo depende do contexto em que se aplicam (agora falo enquanto historiador). E quando falo em Caos, não é esse ‘caos’ vulgarizado pela reprodução discursiva dos meios. Se algum texto meu causou um dia algo assim, só poderia eu pedir desculpas. Mas não. Não quero! A desculpa pode ser um conforto. Aí fica fácil deitar convencido de que fiz o bem. Não estou aqui pra isso. E pra não deixar tudo muito compreensível, é o Caos quem gera continuação, não o conforto...  & “que belo travesseiro é o Caos!” (Cioran).

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