quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A criança de dentro de mim... uma esperança!



















Hoje é dia da criança. Meu dia também. Sou mais criança do que adulto. Também acho que sou mais velho do que adulto. O mundo adulto não me diz muito respeito não. Por isso, minhas crônicas aqui são escritas a partir do mundo infantil e senil para o mundo adulto. Meu lado adulto é um pouco duro demais e eu quase não consigo conviver com ele. Dele, me sobra pouco, muito pouco. Por isso tento mediá-lo com meu lado criança, cuja sinceridade e a alegria são as principais características. Já meu lado velho de ser, é um tanto exigente, chato, sarcástico, irônico, ácido. Já tomei tanto trago no tempo e me perdi por aí, neste mundo adulto, que me tornei um velho duro e um pouco arrogante. Velhos podem. Sendo assim, eu posso. Me dou esse direito, sem falsas modéstias ou a humildade aparente que transforma o homem em caricatura. Sendo assim, não posso deixar de escrever neste dia tão significativo pra mim. Como também trabalho com crianças e vivo cercado delas diariamente nas escolas em que me misturo a esses ‘anjos do caos’, também as amo e deposito nelas toda a minha fagulha de esperança no mundo. Mas hoje estou triste. Triste por saber, ver e sentir o modo com que o mundo adulto trata as crianças. Porque hoje, justamente hoje, dia da criança, o ‘mega-show’ da Efapi vai ser o do Luan Santana? Sim, eu sei por quê. Você, ao menos não desconfia? Ideologia mascarada. A indústria cultural, desde a idade mais ingênua e aberta à criatividade, vai imprimindo na mentalidade e sentimentos das crianças o ‘gosto’, numa manipulação humana que já inicia cedo, bem cedo. Os velhos e mesquinhos sonhos (ou pesadelos?), o conhecimento superficial, o limite da intelectualidade, tudo nos valores, tudo nas práticas que o mundo adulto soca goela abaixo nas crianças. Instituições, poder público, publicidade, desenhos animados, filmes e novelas, pais e família, todos querem e tentam, consciente ou inconscientemente, manipular e construir a criança segundo seus bels prazeres, seus desejos, suas razões, frustrações e seus interesses. A criança é quem paga o pato e vira atrativo, alvo e vítima dessa festa toda. Meu lado criança agoniza com isso. Só os adultos cegamente ambiciosos, gananciosos, sedentos por bens e uma vida mais cômoda, covarde e medíocre é que não vêem ou sentem isso. Adultos, deixem as crianças com suas selvagerias alegres e sinceras, com seus rostos sujos de terra brincarem no vento, longe dessa parafernália ideológica que vocês chamam de segurança, bem estar social e futuro. O futuro só existirá para as crianças (já adultas), se elas, nesse presente, poderem ser crianças. Por isso é que eu deixo sorrir a criança de dentro de mim.


Um comentário:

Herman ou Niko, o próprio disse...

e se não fosse essa criança de dentro de mim.. não sei não!