quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Onde não estou...



















“Herman! Porque você está tão distante? Tão só?”. Tentando me neutralizar, me torno vulnerável. Eu ando vulnerável, baby! Nos lugares onde apareço, estou e não estou. Sou e não sou. Por favor, não me pressionem mais! Não posso escolher. Não consigo escolher. Vocês não entendem? Pra mim não há escolha. Se for obrigado a escolher, optarei pelo desaparecimento. Estou tentando me anular. Em momentos me sinto uma casa vazia. Se estou distante e só, como um cachorro acuado, matreiro, depois de sofrer algum mau trato, talvez seja devido ao meu modo de lidar com uma situação intransferível. Só eu sei, só eu sinto e necessito, e o problema, se não for meu, é de todo mundo ou de ninguém. Mas o mundo não quer problemas – principalmente os meus. O mundo não quer saber dos problemas individuais que tocam o ser humano. Existe na maioria das pessoas uma crueldade, uma dureza e intolerância a problemas ditos, anormais ou indesejáveis. Problemas que podem tocar a intocável moral social judaico-cristã. Eu até que tento me adaptar, e muito já tentei, mas minha adequação parece impossível. E vocês todos me dizem com certa imposição: ‘Ou você se adapta, ou sai fora!’. Neste circo, meu amor é improvável. Ninguém, ou quase ninguém, quer saber dele, de onde ele vem. Só o querem pra si. Me querem, me sugam, me bebem, me sufocam. Mas não, se meu amor tem que ser de um só proprietário, que seja só meu. ‘Seu amor deve ter um único lugar’. Assim eles impõem. Assim são as regras. Ele é tão grande que se torna visível e, novamente, vulnerável. Meu amor é tão grande que eu posso dividi-lo em duas generosas fatias. Mas o querem por inteiro, único, exclusivo. A fome é tanta! E eu morrendo dessa fome. Mas isso é difícil de perceber. A fome alheia quase nunca interessa pra ninguém. Eu, desgraçado na minha torpeza, sempre me importo com a fome alheia. Meu crime. Passei o final de semana inteiro bebendo. Não conseguia ficar sóbrio, nenhum minuto. Bebi que passei mal. Assim passei três dias e três noites, entre a embriaguez e a puta-ressaca. A embriaguez faz o mundo girar e as coisas parecerem bem vivas. A ressaca faz sofrer, mas também acalma. E essa calmaria me torna distante e só, porém, vivo. E viver hoje é tão raro! Ainda é outubro meus amores - & o tempo queima nossa existência: estamos o deixando escapar por entre nossos dedos. Tomem! Peguem meu coração! Vocês venceram! Entrego minhas armas. Mas por favor, não as percam para o inimigo.



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