terça-feira, 29 de novembro de 2011

Não aprendi a dizer amém.. então questiono!

Em torno do assassinato...

Dizem que ele era o vereador mais atuante da câmara de Xapecó. Pelo pouco que ouvi em debates nas rádios, era mesmo. Pelo menos falava, criticava, denunciava. E pra que serve um vereador? Não, não é pra ligar luz elétrica na sua rua, nem pra te favorecer com um emprego qualquer ou autorizar com votos falcatruas do poder público. Não. Um vereador é um político, e este deve ser coerente com seu discurso. E qual é o discurso político? Acho que nem precisa dizer, não é? Notícias que me chegam aos ouvidos por todos os lados dizem que a polícia trabalha com a hipótese de homicídio. Nada de ‘matar para roubar’ ou esse tipo de crime ‘impessoal’.  Rumores dão conta de que Marcelino Chiarello havia denunciado esquemas de corrupção na cidade, e que tinha mais ainda pra denunciar. Coisa da grossa! E é assim que quem trabalha como um ‘político de verdade’ paga? Bela consideração. Eis a democracia! Falácia do cacete! Xapecó tem um histórico de crimes políticos. Quase todos eles abafados, nublados, além de contar com a pouca memória histórica da nossa população. A também professora Mônica Hass (Chiarello era professor, além de vereador), quando escreveu seu livro ‘O linchamento que muitos querem esquecer’, até onde sei, sofreu perseguições e ameaças, tendo que se retirar por um período da cidade. Talvez alguém saiba e/ou lembre deste caso, onde forasteiros foram linchados por moradores daqui na época, depois seus corpos incendiados em pela rua, incentivados por forças obscuras: famílias tradicionais, Igreja, autoridades, etc. – facilitadores do fato macabro (isso, pelo menos, é o que consta na pesquisa-livro ‘O linchamento’). Existe também um registro histórico em forma de poesia deste fato, por um poeta da época. Então, fontes, não faltam. Mas, essa é uma história ‘maldita’, que para alguns, suja o nome da cidade – e sujou, e suja! Agora um novo fato acontece. Motivações políticas? Não sei (ainda!), mas tudo leva a crer que sim. Mas, e os culpados, serão pegos? Virão à tona? Quem são eles? Aqui já foi o império do coronelismo (e ainda não é?). Índios, caboclos e outros ‘indesejáveis’ já foram caçados e mortos por aqui num passado não tão distante. E a justiça, dizem que ela tarda, mas não falha. Será? Quero só ver! Só espero que a polícia faça o seu trabalho coerente com o discurso, assim como políticos deveriam fazer. Marcelino demonstrou que fazia ao denunciar. Vamos esperar pra ver, mas nunca de braços cruzados...


Rezemos...


















Enquanto as pessoas passam hipnotizadas com as luzes de natal, vitrines das lojas, shopping, com a mirabolante programação da fatídica televisão, um homem é assassinado por denúncias de corrupção. Não muito longe daqui. ‘Logo ali!’. Mas não tem problema, temos o sertanejo universitário para a ‘felicidade’ geral. Somos livres e alegres. Temos nossas tatuagens, piercing’s, nossas calças rasgadas, nossa arrogância displicente, nossa rebeldia fabricada - estereotipados que somos. Nosso ar de liberdade - econômica. Viva! Viva a democracia! Essa festa! Enquanto adultos doutrinam suas crianças como se fossem cães no adestramento e dão a direção aos jovens, deixando suas frustrações para eles como herança: ‘palavras da salvação! Amém!’. Crescer, ser ‘alguém na vida’, casar, ter filhos, casa, carro do ano na garagem e morrer. Eis a receita dada, pronta, sacramentada, da ‘felicidade’. Eis a tradição, a cultura, os valores. Eis a moral! E a miséria continua. Não só a miséria da falta de alimentação (essa, aqui no Sul não é grande problema), mas a miséria do intelecto, da razão, do conhecimento, da memória. A miséria humana. Aqui é o ‘Velho Oeste’ dos mocinhos e bandidos, índios, caboclos, elites familiares. Alguns se deram bem acima de outros. E esses ‘outros’ se fu... (piiiiiiii): ‘Olha o linguajar Herman!’. Ah é, estava esquecendo... E viva a democracia! Anda perigoso ser justo. Anda perigoso ser ‘democrático’. Anda perigoso ser coerente. Nos querem de joelhos. Nos querem mesquinhos e medíocres, aceitando tudo de boca fechada. Nos querem semi-mortos, consumidores, pagadores de impostos, ‘bons filhos’ e adultos reprodutores desse jogo. Nos querem como brinquedinhos num parque de diversões. ‘Nada de denúncias e dignidade, viu senhor?!’. Não mexa com a ‘alta estirpe’! Reis e coronéis abraçam-se nessa festa, dançando a mesma dança, com suas máscaras, pois estamos numa festa de máscaras, fantasiosos, crentes na chegada do messias, aquele que vai nos dar o paraíso, já que aqui, o sofrimento prevalece, e é sofrendo que se chega ao paraíso: ‘palavras da salvação!’ – opa! Acho que já escrevi isso por aqui. Mas não tem problema, a memória histórica é curta mesmo. Amanhã é outro dia e haverá outros atrativos para nos entreter, nos anestesiar, nos hipnotizar. Nos fazer vibrar com a promessa de um bom fim. De mãos dadas e ajoelhados, rezemos!


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