quarta-feira, 27 de julho de 2011

Entre marchas e manifestações: os ícones, o espetáculo...

Ser rebelde está na moda. Ser bonito ou bonita e rebelde, mais ainda. Ser rebelde, bonito ou bonita e jovem é tudo! A ideologia liberal-capitalista através da indústria da cultura se apropria da imagem, do discurso, das bandeiras da ‘esquerda revolucionária’ e torna isso parte do seu espetáculo. Depois é só adaptar o discurso e ‘Viva a democracia!’. ‘Aqui, debaixo dos nossos braços e sob o nosso olhar de falcão, TODOS têm seu espaço!’. ‘Venham!’ - Eis a sociedade do espetáculo! Eis a garantia de paz. Paz pra nós – e a nossa paz é a nossa garantia de continuação, a manutenção das nossas idéias, dos nossos interesses, da nossa prática, do nosso mundo. Mundo liberal de economia capitalista e moral judaico-cristã.  Nossas heranças gregas e romanas, cristãs medievais, iluministas protestantes burguesas, científicas racionalistas. Esse marasmo de conceitos já vulgarizados, velhos, hipócritas conceitos. O tempo passou e a ordem ainda é a mesma. Estacionamos e esquecemos-nos de transitar. Acomodação. Estupidez. Falta de coragem pra contestar e prolongar a vida. Medo. Atrofiamento físico-cerebral e intelectual. Crença. Não sabemos viver sem nossas referências, nossos ícones, heróis, semideuses, exemplos vivos. Imitamos, reproduzimos e assassinamos a possibilidade de criação. O dadaísmo nos amedronta. Do Caos nem queremos ouvir falar. Banalizaram tanto essa ‘não condição’, esse movimento de transformação, que passamos acreditar que ele é ‘um mal’. Vemos o mundo por um viés dualista. Pra nós, tolos, existe o bem e o mal. O certo e o errado. Almejamos um ideal, ou ‘o ideal’. Mas ele existe? Confundimos idealismo com vontade de transformar, de lutar, buscar e viver. Confundimos idealismo e alienação com utopia e as possibilidades, as alternativas. A bela e jovem líder estudantil chilena Camila Vallejo ou a gostosa e jovial escritora argentina Pola Olaixarac, virando ícones desse espetáculo. E já não importam suas ações, suas obras, suas práticas, seus objetivos, suas palavras. Importam elas. Suas imagens e o que representam a nível espetacular. George Orwell escreveu um livro chamado ‘1984’, onde o Big Brother vê tudo e manipula a todos. Talvez não seja ‘beeeeem’ assim hoje. Mas um pouco disso, certamente é, e esse pouco, talvez seja maior do que o resto. Confuso? Ótimo! Assim eu deixo pouco espaço para a conformidade...


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