sábado, 2 de julho de 2011

“Palavras da Salvação!” (ou O fim da bandidagem)

“Os bandidos terão que mudar de profissão ou mudar de região, porque aqui em Chapecó não tem mais lugar para bandido”. Não, não são minhas essas palavras douradas. Não tenho capacidade pra tanto (ainda bem!). Eu não sou bom em discursos. Essas palavras vieram do Sr. ‘nosso’ prefeito (talvez num momento de euforia devido à grandeza do empreendimento), segundo uma reportagem deste mesmo jornal (Voz do Oeste, 28 de junho, 2011. p.03). Portanto, antes que eu seja posto em dúvida, não estou inventando nada. Falando nisso... ‘Bandidos’... Quem são eles que não tem nomes nem rostos? Onde eles vivem? De onde vieram? Porque assim são chamados (ou se tornaram)? Uma raça? Uma etnia? Xapecó também é constituída e foi formada historicamente por bandidos – ou pela ‘bandidagem’. Me refiro aos que, no passado, usurparam caboclos e indígenas, expulsando esses povos das suas terras, corrompendo e/ou submetendo suas culturas a um conceito metafísico e fraudulento de ‘progresso’. Progresso capitalista. Progresso da ‘violência social’, da degradação do meio ambiente. Progresso material à custa de alguns grupos sociais. Belo progresso este! Ainda que o Sr. prefeito admitiu que ‘bandidagem’ é uma profissão. E, da forma que as coisas são, realmente é. Cobrar ‘boa conduta’ onde não existe certa ‘igualdade’ social, de condições e oportunidades, é uma piada – de mau gosto. Oportunidades! Sim, elas existem! Mas não são iguais – nem a pau! Dizer que pros ‘bandidos’, aqui na terra do ‘linchamento que muitos querem esquecer’ (outros nunca nem souberam), não tem mais lugar, é desconsiderar a própria história da cidade. Olhem em volta! Vocês acham que estamos vivendo aonde? Transferir o ‘problema’ para outras regiões, também não é algo estimável. O ‘problema’ é nosso, é daqui. Investimentos materiais vão realmente tornar Xapecó um paraíso da não criminalidade? Desculpem meu ceticismo, mas eu duvido! A ‘bandidagem’ não está separada da sociedade, ela é parte da nossa formação cultural e histórica, e está mais próxima de nós do que imaginamos. Em termos literários, nossos melhores personagens foram chamados de ‘bandidos’.


2 comentários:

Anônimo disse...

Palanque político acima desses investimentos. Ladaínha pura!

shlinat disse...

massa bagaraio!