sexta-feira, 8 de julho de 2011

‘Palavras da perdição!’ (só não digam Amém)

Abro jornais. Abro revistas. Abro a internet. Abro a caixa de ferramentas... Aí fica difícil e eu não me contenho diante de tanta estupidez - ainda mais depois de matar uma garrafa de um delicioso Malbec argentino. Não dá! Quanta merda jogada no ventilador por essa gente que (de)forma opinião, deusdocéu! Às vezes fica difícil não concordar com Hugo Chávez: algumas pessoas mereceriam ser mesmo silenciadas. Deveriam se botar em seus lugares. ‘De boca fechada são poetas’ (e isso serve para a escrita também – neste caso seria a palavra desenhada e publicada): “(...) gostei mesmo foi que o clube já mandou o recado: cortar o cabelo. Dou força, homens usam o cabelo ao estilo cadete. Homens. É isso aí, moçada espanhola, boa!”. Palavras (escritas) de Luís Carlos Prates, publicadas em um veículo de comunicação por aí, referindo-se ao cabelo do jogador Neymar, quanto ao rumor da sua possível contratação pelo Real Madri. Depois das palavras aluadas do prefeito sobre ‘o fim da bandidagem’ em Xapecó e dos vários comentários preconceituosos e bestas de alguns ‘jovens’ referindo-se ao povo indígena no face book do vereador Sergio Badá Badalotti, agora foi a vez (outra vez) do ex-comentarista da RBS. Essa afirmação que sugere que, para ser homem tem que ser isso ou aquilo, revela um outro lado da coisa. Esse determinismo, essa forma absoluta de afirmação, de um tipo de defesa de determinada conduta e/ou estética ‘correta’, geralmente é coisa de quem é enrustido. Aqueles que escondem o jogo, sabem? Tipo... ‘Sou muito macho!’, ou, ‘Odeio viado!’. Nesse tipo de afirmação-defesa-ataque, há algo velado. Um medo, uma tentativa de afastamento de algo que não se quer assumir. Quem já viu o filme ‘Beleza Americana’, no papel do pai ex-militar e a sua atitude no contexto da estória, sabe do que eu estou falando (quem não viu, eu indico). O que é ser homem? O que é ser ‘culturalmente inferior’? Ser homem ou ser mulher depende de algumas variantes, inclusive, é também uma construção histórica e esses conceitos não podem ser tratados assim, nesse discurso simplista e redutivista. Tem horas que boca fechada é sinal de prudência. Como cantou Baby Consuelo no tempo dos Novos Baianos: “O mal não é o que entra... é o que sai pela boca do homem!”.


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