quinta-feira, 21 de julho de 2011

Mocinho ou bandido?


Moro em Xapecó, no ‘Velho Oeste’ catarinense - e entre mocinhos e bandidos, existem aqueles que não se enquadram nesse dualismo. Eu sou um deles. Me aceito e sei um pouco da profundidade dos meus passos – e de quão tortos ou ébrios eles são. Sou um homem de menos de meia idade num corpo jovem quase adulto e com uma mentalidade de velho-criança. Tenho 90 anos de idade na cabeça, somado a minha criancice poética – e sei que tudo isso é meio relativo, subjetivo & metafísico. Tenho olhos de criança para o mundo. Crianças têm olhos vivos. Jovens, olhos de confusão. Velhos têm os olhos do tempo. Adultos... olhos (muitos, pouco enxergam. Outros, não enxergam nada). Velhos e crianças cometem erros, pequenos delitos em forma de desvios. Condutas que escapam daquelas moralizadas pelo mundo burocrático anti-poético dos adultos. E eu, como um velho-criança, também estou completamente vazio disso tudo. Ainda tentam me curar. Ainda tentam me ensinar dos valores que mantém todo esse ‘jogo de azar’ que é o mundo adulto. Mas não adianta, eu não aprendo. Sou péssimo em aprendimentos. Tudo aquilo que tentam me imprimir eu transformo em incompreensão e esquecimento. Se aprendo, aprendo experimentando. Minhas opiniões são opiniões de quem vê o mundo pelo viés caótico. Não consigo reprimir meu pensamento em teorias e morais. Em verdades estabelecidas. A dúvida é o meu começo. Meu fim, a morte. E eu aceito. Endento que ela também faça parte do percurso da vida. É a chegada. Sem a chegada não há largada, e sem as duas, não há corrida. Ando devagar (pois já tive pressa), pois não acredito no conceito da vitória. Todos são derrotados no fim – e todos também são vitoriosos. Portanto, quando alguém faz a besteira de dizer que ‘bandido é bandido’, naturalizando a coisa, eu tenho que questionar (sou criança, lembram?). Já escrevi em quadro negro: “Ninguém é mocinho ou bandido o tempo todo”. Depois apaguei as luzes e fui sonhar.


Um comentário:

Prof. Lázaro Cunha disse...

Muito bons seus textos!