sexta-feira, 15 de julho de 2011

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O governo da sacanagem

A greve terminou? Ela continua? Agora é parcial? Pois é! Ta difícil de saber. Era pra ter terminado, mas o governo, outra vez, deu mostras do seu ‘valor’. Sacaneou valendo os professores. A base do governo direitista contrariou a categoria e esmagou a oposição esquerdista na votação. Se não me engano, vi pela televisão: 28 votos a 8 - e a irritação dos professores acabou em violência. Outra vez seguranças e a polícia. Para defender os ‘nobres’ violentaram os ‘mestres’. Vi pela televisão um professor, já velho, desgastado pelos anos de trabalho, se esvaindo em sangue. Que proeza do Estado, daqueles que deveriam prezar pelo trabalhador. ‘Representantes da lei’, que piada! Professores neste país são os bandidos, enquanto eles, os sacanas, são privilegiados. Não existe justificativa para tal ato. Estamos aqui falando de alguém que teoricamente ‘ensina’, alguém que dedicou parte da sua vida para a ‘educação’ dos filhos da sociedade, inclusive da ‘classe burguesa’, dos senhores parlamentares, da polícia e do governador. ‘Que consideração né senhores?! Baita coisa vocês fazem! Isso me enche de orgulho! Deve encher de orgulho também seus pais não é? - seus filhos, os filhos desses professores, as crianças que precisam deles para crescer culturalmente’. Um professor humilhado! Imagem típica de uma sociedade decadente. Decadência pelos valores oriundos de interesses privados daqueles que comandam essa sociedade. Que papelão! ‘Santa Catarina, um belo Estado!’ - só se for na sua riqueza natural. Enquanto os professores voltavam para as salas de aula o governo fez a sua manobra e os ‘ilustres’ parlamentares então se reuniram e ferraram com os ‘mestres’. ‘Os professores se revoltaram!’ – foi a notícia dada pela apresentadora da RBS, ‘batendo nos vidros da assembléia com as mãos’. Foi pouco, muito pouco. São professores, lembrem disso – ah se fossem guerrilheiros! Mas, além de professores, são seres humanos, e cá entre nós, ninguém é de ferro. Eu por exemplo, já não sou mais um homem de chutes e ponta pés. Larguei disso quando abandonei as artes marciais. Hoje existem outros recursos além do corpo. Os chineses já inventaram a pólvora e eu adoro a pirotecnia! Guerra é guerra! Respeito e carinho se dão para aqueles que merecem: as crianças e seus risos - hoje, seus rostos estão tristes por verem seus mestres sendo mal tratados. Para os burocratas sacanas do Estado, um não coletivo e tombos estrondosos – eles merecem!


Sou um bandido, mas podem me chamar de professor!

Sou um bandido. Dos bons. Estudo arduamente na arquitetura dos meus planos. Trabalho durante horas para executar com precisão e arte o meu trabalho. Não posso errar, nunca! Sim. Sou um bandido. Lido com aquilo que quase mais ninguém quer. A maioria prefere fugir do perigo. Eu não. Encaro o problema com coragem. Sou bandido. Sim. Sou professor. E é assim que sou tratado aqui. Inimigo número um do Estado. Perseguido e perigoso. Quando caio nas garras do Estado, sou submetido, humilhado, mal tratado. Políticos e autoridades são meus tiranos. Quando não me ferram com leis e a diminuição do meu espaço de atuação, me ferram na porrada mesmo. Não querem deixar com que eu melhore minha condição. Minha arma até que é boa, de grosso calibre e leva o nome de conhecimento. Sei que muitos dos meus colegas de trabalho andam por aí desarmados. Como vão atingir seus fins desse jeito? Mas não dá pra generalizar. Conheço tantos que, como eu, andam armados até os dentes. Eu atiro pra quase todos os lados, mas não se enganem, não atiro no escuro, nem em vão. Não gosto de desperdiçar munição. Tenho uma boa mira. Às vezes erro, mas, modéstia parte, quase nunca. Já pratiquei muito. Já estudei muito. Conheço meus alvos à distância. Mas o Estado não valoriza essa minha virtude, acha que estou aqui por brincadeira: “Crianças não são brinquedos e as escolas não são parques de diversão, nem circo. A educação não é uma mercadoria e o professor não é um vendedor, nem é um escravo do Estado”. Eu também tenho dificuldades na vida. Por mais bandido que eu seja (ou que o Estado me considere), também sinto dores pelo corpo, escovo os dentes, fico alegre e fico triste, tenho contas pra pagar, como, bebo, (sobre) vivo. Posso ser um bandido, mas não um zumbi ou um personagem fictício. Sou de verdade. Tenho carne e tenho osso. Tenho necessidades e sentimentos, como o presidente, o governador e o prefeito. A diferença é que estes ganham muito mais do que eu e lidam com números – eu com pessoas! Eles não sabem, e se sabem, ignoram minhas necessidades. Meu trabalho, por mais ‘insignificante’ que agora, para eles, possa ser, os deu condições de avançar na vida. Já ‘aprenderam’ o suficiente para me sacanear – ou não aprenderam nada! Pois bem. Então é isso! Se eles, os governantes, os da lei e da ordem são os mocinhos, nessa batalha, eu só posso ser o bandido. Um bandido em vias de extinção. Enquanto a humanidade acomodada adormece para a sua própria desumanização.

2 comentários:

Verônica Kamoro disse...

Muito bom!

Anônimo disse...

hay!