terça-feira, 16 de agosto de 2011

Eis o homem (?)


Ah! Esses deterministas!

“Se alguém me visse como realmente sou, não suportaria o espetáculo”.
                                                                                            (R. Rohr & A. Ebert)

Muitas pessoas crêem (porque não passa disso!), que passam a conhecer ‘o outro’ simplesmente botando o olho. Acham que é tão simples assim. Acham! Aquele papo já incrustado no senso comum por algum determinismo de ordem moral-filosófica que diz que as pessoas se revelam pelos gestos e modos e sei lá mais o que. Isso é uma ilusão (em alguns casos, ingenuidade). Eu diria que ‘algumas pessoas’ se revelam. Mas só algumas. Outras, ao contrário, escondem segredos e coisas, que nem ‘mestres’ (os verdadeiros), conseguem descobrir. Existem seres humanos com plena capacidade de disfarce. Aparentam uma coisa, mas no fundo, são outra. E esses, enganam mesmo sem querer (não por maldade ou por algum interesse, mas pela própria natureza de ser). Eu sempre tive certa sensibilidade de ‘ler’ as pessoas, interpretá-las observando-as, acredito que devido a minha própria natureza e minhas razoáveis relações com as diversas linguagens das quais me despenho em conhecer, compreender e praticar. Mas mesmo assim, não me arrisco em caracterizar algumas pessoas só pelo fator estético, expressivo ou pelo que ‘eu’ acredito. Elas podem estar se preservando em modos, atos e ações na forma representativa. O que quero dizer, é que muitos representam, mas não são. Mas os tolos não consideram isso e passam a subestimar os outros sem ao menos realmente conhecê-los. O mais aparentemente frágil homem pode ser bem maior do que seu limitado corpo. Os medíocres, esses são mais fáceis de se conhecer, mas mesmo assim, dá pra se enganar. Subestimar os outros, assim como generalizar ou ser determinista nisso, é uma demonstração de estupidez. Nesses ‘sabedores’, nesses ‘conhecedores deterministas’, há um ‘Q’ de dogmatismo cartesiano e uma religiosidade acentuada, porém, enrustida (além do discurso, é claro!). Já os mais existencialistas têm a prudência de considerar cada homem sendo único. É preciso relativizar mais, pra não cair no ‘simplismo’ das ‘verdades absolutas’ e acabadas. Nem tudo é o que parece ser. Nem todos são tão vulneráveis assim aos olhos alheios. Ainda mais, a olhos que só vêem o mundo a partir de si próprios. Coisa comum hoje em dia é ver morcego fingindo que é coruja – ou um pardal se achando falcão.


 

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