quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Xapecó em buracos

Já encomendei meu trator. Trator de esteira. Pra andar nas ruas de Xapecó tem que ser. Quanto buraco! E não são de hoje. O pneu ta caro! A esteira mastiga asfalto, mas pelo menos não fura nem rasga. É o jeito! Eu se fosse você, faria como eu. É um investimento, mas... fazer o que... Preciso me locomover neste chão esburacado, neste transito louco e congestionado. Com meu trator novo, além de ignorar tanto buraco, vou poder estacionar em lugares alternativos e abrir caminho quando precisar passar. Os carrões é que se cuidem! Lá vem o trator de esteira do Herman, atropelando tudo. Só vou poupar as crianças e os velhinhos e os cães e os gatos. Cavalos e outros bichos também serão desviados da minha esteira. Mas o objetivo não é esse (ainda não!), senão compraria um rolo compressor, é mais preciso. Por enquanto vou com o trator mesmo. Os buracos são meus obstáculos no momento. Parece que o dinheiro dos impostos não cura as feridas asfálticas. Elas crescem e generalizam. Transformam-se em enormes tumores. Deixam doentes. Fazem vítimas. Elas estão por todos os lados. Proliferam-se como fungos e tomam conta das ruas da cidade. Principalmente daquelas que dão acesso a locais, digamos, menos importantes. Por isso quando ouço dizer que ‘os direitos são iguais para todos’, ou ‘todos são iguais perante a lei’, tenho que rir. Balela! Se eu não tiver grana, o direito vira discurso. Mas quando chegar meu trator de esteira passo por cima também desses ‘detalhes’. Vou ouvir gente falando ‘Olha só, não é aquele escritor maluco do Voz do Oeste naquele trator mastigando asfalto?’. Um tanque de guerra também não seria nada mal. Nele, ao contrário do trator, não seria visto nem reconhecido. E ainda tem a vantagem de o tanque ser blindado e poder dar tiros de canhão. Me protegeria daqueles que querem meu coro e ainda poderia dar uns tiros de vez em quando, só pra azucrinar o marasmo dos finais de semana xapecoenses. Só não vou atirar em vão como fazem alguns por aí com suas metralhadoras giratórias carregadas de festim.  Enfim. Não haverá buraco que eu não cruze.


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