terça-feira, 8 de novembro de 2011

Interação...


















                                                    


São raios que caem com fúria do céu e atingem de cheio nossa melancolia.
O mundo onde proliferamos e geramos vida - e geramos morte.
Estamos sós & desolados, como um animal ferido que se esconde para morrer – ou como um certo lobo da estepe.
Estamos juntos e aromáticos, como um jardim de flores vivas.
Esfacelados na nossa própria paixão, pelo nosso delirante amor, nesse vasto campo de batalhas. Você, eu e você. Nós!
Não haverá vencedores, por isso não deveria haver batalha.
Essa guerra não é nossa – nem essa paz!
Só possuímos a nós mesmos, nossos corpos. A pele que habitamos.

- Eu tombaria sorrindo. Encontraria o chão.

São estragos de bala num coração esfacelado por dois furos de loucura.

Caído em descanso, como os trigos já secos dessa plantação, eu receberia as melhores notícias dos seus doces lábios.
Saberia que a guerra acabou e que estamos livres de toda a opressão, finalmente! Ouviria da sua voz uma tentativa afinada de melodias - como da primeira vez, lembra?
Ou você puxaria minha mão, e numa parede numa noite embriagada de festa, com um beijo me transformaria noutra coisa – pularíamos todos os muros do mundo em busca de refúgio onde pudéssemos apenas ‘ser’.

Nossas almas de poesia. Nossa música dissonante. Nossa torpeza para com o mundo. Nossas cicatrizes beijadas como cura.

Um e outro trago de vinho para nossa mistura na noite.
Um e outro veneno para que tudo não passe a ser puro demais.
Nossa contaminação...

Nossas afinidades e diferenças nos fazem melhores.
Superamos assim a raça dos medíocres, dos congelados na moral,
filhos do medo e de toda a conformidade.

Eu te abraço com cuidado, carinho e com força & o mundo todo para ao nosso redor. Estamos ébrios nessa sobriedade que nos cerca.
Nos querem todos iguais, como máquinas, como frutos de uma mesma árvore.
Mas até os frutos de uma mesma árvore são diferentes.
E nessa multisonora resignificação dos nossos anseios e aspirações,
quando nossas mãos se tocam entrecruzando os dedos - e com o calor dessa interação, nos vemos enfim - como partes de um todo, onde esse contato, esse atrito, essa transformação, vira o mundo pelo lado avesso, tornando tudo mais tolerável.

& eu fecho os olhos e posso dessa forma enxergar...

2 comentários:

Liza disse...

(...) Ouviria da sua voz uma tentativa afinada de melodias - como da primeira vez, lembra?
Ou você puxaria minha mão, e numa parede numa noite embriagada de festa, com um beijo me transformaria noutra coisa – pularíamos todos os muros do mundo em busca de refúgio onde pudéssemos apenas ‘ser’

*1996 - sinto como se fosse hoje!

AmO - T!

Liza disse...

Nossas almas de poesia. Nossa música dissonante. Nossa torpeza para com o mundo. Nossas cicatrizes beijadas como cura.


Um e outro trago de vinho para nossa mistura na noite.
Um e outro veneno para que tudo não passe a ser puro demais.
Nossa contaminação...

(...)


.....a nossa Epopeia continua!