sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A raça dos resistentes...

Acho que quando Fidel morrer eu vou chorar. Foi o que eu disse em sala de aula para alguns alunos quando discutíamos a Revolução cubana. Não que eu seja seguidor do líder comunista da Ilha de Cuba. Talvez, pelo romantismo acima da sua figura. Bem ou mal, gostem ou não, Fidel é a maior representação viva de uma luta, de uma revolução em sua prática. Numa trajetória fantástica, Fidel deixou seguidores que o idolatram, admiradores, assim como, pessoas que o odeiam. Um homem sem meias palavras. Uma figura ímpar na história mundial. Foram feitos filmes e livros sobre ele e o contexto em que este ex-guerrilheiro esteve envolvido. Fidel Castro, hoje tem 85 anos de idade e passa por problemas de saúde. Continua em Cuba, não mais na chefia do Estado, mas ainda com muita voz ativa. Outra grande personalidade (também ‘marxista’), só que mais teórico e pesquisador, é o historiador inglês-egípcio Eric Hobsbawm. Hobsbawm, lúcido e ativo, é considerado o ‘grande’ historiador vivo, nos seus 94 anos de idade. Passou pelas duas Guerras Mundiais, Guerra Fria, várias revoluções, sempre produzindo, pesquisando, analisando, escrevendo. Certamente, senão o maior, um dos maiores intelectuais da história ainda vivo. O poeta brasileiro Manoel de Barros também entra no rol dos resistentes. Vive no pantanal e tem magníficos livros de poesia publicados. Um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, produzindo no alto dos seus 95 anos de idade. Dono de uma linguagem própria, divertida, sincera e livre das influências européias, Manoel de Barros nos saúda com sua grande obra poética. Mas o que me leva falar dessas três personalidades, desses três cepos da história da humanidade? Talvez seja o tempo. Sim, é o tempo. Ambos resistem e estão dentro da estirpe dos resistentes, em vários sentidos. Ambos lutaram, da sua forma (e ainda lutam), por algo que acreditam, cientes dos seus trabalhos, das suas trajetórias, talvez, das suas importâncias dentro da história e do conhecimento humano. Não, isso não é idealismo. É humanidade. De minha parte, não é idolatria. É memória e consideração. Figuras como estas, não nascem todo dia – é bom que se diga. E eu, como homem da história, não posso deixar morrer no meu quadro de admirações, na porcentagem de memória que ainda tenho, esses três homens que movem o mundo através das suas produções, das suas existências. Talvez isso não interesse pra maioria, mas aí está. Meu registro em forma crônica desse tempo que ainda não acabou.

Escrito em 11/11/11.


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