quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Ser ou não ser, eis a questão!

Abro o jornal, a revista, ligo a tevê, o rádio, boto o pé na rua, e lá está ela, a publicidade, vendendo o seu peixe. Junto ao peixe, junto à mercadoria ofertada, está a idéia. Se não se vende a idéia, pelo menos se induz a pensar daquele jeito, ou seja, do jeito que a propaganda intenciona. E é pra isso que também serve a publicidade (vejam como estou sendo generoso). Muito discurso, retórica, técnicas de convencimento. Como ‘professor’, me inquieta ver propagandas sensacionalistas e hipócritas, que oferecem um serviço ou algo ligado a construção do conhecimento humano e a uma dignidade, a um bom senso de vida, de forma banal. Muitas escolas e faculdades utilizam-se desse discurso publicitário como chamarisco, assim como uma igreja faz para ter a atenção dos seus fiéis. Mas estudantes não são os fiéis (ou pelo menos, não deveriam ser). Estudantes não são meros consumidores de produtos efêmeros (ou pelo menos, não deveriam ser) – já que o conhecimento não é um produto efêmero de mercado. Descaradamente, o discurso de concorrência e justificativa de um dito ‘sucesso’, de algo que se diz ‘bem sucedido’, é vinculado na mídia até pelas instituições de ensino. ‘Somos os melhores!’. ‘Os que mais aprovam no vestibular’. ‘Temos os melhores profissionais’. ‘Somos o diferencial’ – e blá, blá, blá... Chega-se até vincular a educação com a imagem e conceito de belo, este conceito de beleza e de culto ao corpo, de influência grega, que tanto vende e aparece nos programas medíocres da televisão (leia-se big brother, a fazenda, legionários, entre outros...). Pessoas bonitas, mulheres ‘gostosas’, desfilando seus corpos em trajes de apelo sensual (quando não, sexual). E o que isso tem haver com a educação? Com o conhecimento? A publicidade capitalista e ordinária vincula isso aos produtos de mercado para insinuar ao consumidor ou ao jovem que vai escolher determinada instituição de ensino, que isso é o melhor para ele. Lá vão ter pessoas bonitas, que caminham para o sucesso profissional. E os pais também caem nessa, talvez, por almejarem isso aos seus filhos, não sei! Querem convencer a quem com esse papinho? Escola ou faculdade são locais de estudo, de construção do conhecimento, de ciência, e não um mercado, um shopping ou algo que valha - ou pelo menos, deveriam ser...


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