sábado, 12 de novembro de 2011

um poema resiginificado - parido em algum inverno passado...

Solidão Velada (ou Morte na Solidão)

Ouço lá fora o canto da chuva. Ela se foi...

O dia acordou cinza e eu sem cor

Perdi meu sorriso em plena segunda-feira

 

Aqueles dias no campo...

Como me dói a lembrança!

 

Meu olhar torpe mira o infinito em busca de alguma explicação

Mas não há o que explicar, tudo está tão claro

Ela se foi e eu a perdi - tão simples...

 

 

Amigos, parentes e até inimigos vieram

Alguns me observam com carinho

Outros com medo e desconfiança

Me parecem todos iguais, todos culpados

Todos como eu, impotentes e fracassados

 

Eu, na mira dos demais

Servindo como depósito dos rancores alheios

Olhares suspeitos cheios de vingança

Dor e desprezo, misto de sentimentos perdidos

Assolados pelo frio que nos condena

 

Blasfemam sem a menor precaução

Eu ouço e me movo, tento escapar do veneno

Mas ele me chega amargo e mortal

E eu morro...

 

Morro a cada passo dado

Morro sem mágoas nem ressentimentos

A cada segundo que passa

Um fragmento de vida que se desfaz

 

Desapareço...

 

Atravesso as paredes e me junto à solidão...

 

Volto e a vejo pálida,

Deitada na madeira e cercada de estranhos

Que em prantos lamentam a ocasião

 

Há um pano preto sobre o espelho

Algumas velas se apagam

A escuridão retoma seus espaços

 

O cheiro das flores mortas enche a sala...

 


                                                        Herman G. Silvani

























"Je Vis Dessus le Contour Vaporeux d'une Forme Humaine", 1896 - obra de Odilon Redon

Um comentário:

Anônimo disse...

NOSSA!